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Todos os Reformadores Protestantes sustentavam a Virgindade Perpétua de Maria

  • Dave Armstrong
  • 8 de set.
  • 6 min de leitura

- Dave Armstrong 


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[Imagem Principal: Martinho Lutero e os Reformadores:

Domínio Público/ Wikimedia Commons]


Os fundadores do Protestantismo, todos de igual modo, aceitavam a verdade da virgindade perpétua de Maria. 


Mas como é possível, se ela é apenas uma "tradição" sem base bíblica? Por que motivo a suposta violação das Escrituras por parte de tal ensino não era tão óbvia assim para eles quanto é atualmente para os protestantes dos últimos 150 anos (desde o surgimento do liberalismo teológico), protestantes estes que abandonaram tal opinião, que havia sido anteriormente defendida? Ainda assim, tornou-se moda para eles acreditar que Jesus tinha irmãos de sangue (suspeito que tal decisão se deva ao fato de isso contradizer a doutrina católica), contrariando o consenso original dos primeiros protestantes.

Vejamos o que os fundadores do protestantismo ensinavam sobre essa doutrina. Se os católicos estão tão agarrados naquilo que foi descrito como "tolo", "desesperado", "evidentemente falso", "uma tradição antibíblica" nesse caso, então o mesmo acontece com muitos luminares protestantes, como Lutero, Calvino e Wesley. Estranhamente, porém, os atuais críticos protestantes do catolicismo raramente os criticam. Imagino que os mesmos "erros" sejam flagrantes em graus diferentes, dependendo de quem os sustenta e os promulga — como o provérbio orwelliano de A Revolução dos Bichos bem descreve: "todas as pessoas são iguais, mas algumas são mais iguais que outras".


Panorama Geral


Qualquer que seja a posição teológica que alguém possa tomar hoje no que diz respeito a Mariologia, uma coisa é certa: não é possível invocar em seu auxílio a "tradição reformada" a menos que o faça com o maior cuidado... a doutrina mariana dos reformadores está em harmonia com a grande tradição da Igreja em todos os seus aspectos essenciais e com a tradição dos Padres dos primeiros séculos em particular...

No que diz respeito à doutrina mariana dos reformadores, já vimos quão unânimes eles são em tudo o que diz respeito à santidade e à virgindade perpétua de Maria... (O Protestante Max Thurian, “Maria: Mãe de todos os cristãos”, traduzido por Neville B. Cryer, Nova York: Herder & Herder, 1963, 77, 197)


O título 'Sempre Virgem' (aeiparthenos, semper virgo) surgiu no início do cristianismo... Era uma frase comum na Idade Média e continuou a ser usada em escritos confessionais protestantes (Lutero, Calvino, Zwinglio, Andrewes; Livro de Concórdia [1580], Artigos de Esmalcalda [1537]). (Raymond E. Brown et al, editores, “Maria no Novo Testamento”, Filadélfia: Fortress Press / Nova York: Paulist Press, 1978, 65 [um esforço conjunto católico-protestante])


Maria foi separada formalmente do culto e da oração dos protestantes no século XVI; no século XX, o divórcio se completou. Até mesmo o canto do "Magnificat" causava escrúpulos nos puritanos, e se eles abandonaram o Credo dos Apóstolos, não foi apenas por causa do adjetivo ofensivo "católico", mas também porque ele fazia menção à Virgem... [Todavia] Calvino, bem como Lutero e Zuínglio, ensinava a virgindade perpétua de Maria. Os primeiros reformadores até aplicavam, embora com alguma reticência, o título Theotokos a Maria... Calvino conclamou seus seguidores a venerá-la e louvá-la como a mestra que os instrui nos mandamentos de seu Filho. (JA Ross MacKenzie [protestante], em Stacpoole, Alberic, editor, “Mary's Place in Christian Dialogue”, Wilton, Connecticut: Morehouse-Barlow, 1982, 35-36)


Martinho Lutero


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Lucas Cranach the Elder [Domínio Público]


Cristo, nosso Salvador, foi o fruto real e natural do ventre virginal de Maria... Isso ocorreu sem a cooperação de um homem, e ela permaneceu virgem depois disso. (Luther's Works, editores. Jaroslav Pelikan [vols. 1-30] e Helmut T. Lehmann [vols. 31-55], St. Louis: Concordia Pub. House [vols. 1-30]; Filadélfia: Fortress Press [vols. 31-55]), 1955, vol. 22:23 / Sermons on John, caps. 1-4 [1539] )


Cristo... foi o único Filho de Maria, e a Virgem Maria não teve filhos além Dele... Estou inclinado a concordar com aqueles que declaram que 'irmãos' realmente significam 'primos' aqui, pois a Sagrada Escritura e os judeus sempre chamam primos de irmãos. (Pelikan, ibid., vol. 22:214-215 / Sermões sobre João, caps. 1-4 [1539])


Uma nova mentira a meu respeito está circulando. Supõe-se que eu tenha pregado e escrito que Maria, a mãe de Deus, não era virgem nem antes nem depois do nascimento de Cristo... (Pelikan, ibid., vol. 45:199 / Que Jesus Cristo nasceu judeu [1523])


As Escrituras não dizem nem indicam que ela mais tarde perdeu a virgindade...

Quando Mateus [1:25] diz que José não conheceu Maria carnalmente até que ela deu à luz seu filho, isso não significa que ele a conheceu posteriormente; pelo contrário, significa que ele nunca a conheceu... Essa balbúrdia... não tem justificativa... ele não constatou tampouco prestou atenção, nem nas Escrituras nem no idioma comum. (Pelikan, ibid., vol. 45:206, 212-213 / Que Jesus Cristo nasceu judeu [1523])


O editor Jaroslav Pelikan (luterano) acrescenta:


Lutero... nem sequer considera a possibilidade de Maria ter tido outros filhos além de Jesus. Isso é consistente com sua aceitação da ideia da virgindade perpétua de Maria, a qual manteve ao longo de sua vida. (Pelikan, ibid., vol. 22:214-215)


João Calvino


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[Domínio Público]


Helvídio demonstrou ignorância excessiva ao concluir que Maria deve ter tido muitos filhos, pelo fato de os "irmãos" de Cristo serem às vezes mencionados. (Harmonia de Mateus, Marcos e Lucas, sec. 39 [Genebra, 1562], vol. 2 / Dos Comentários de Calvino, traduzido por William Pringle, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1949, 215; sobre Mateus 13:55)


[Sobre Mateus 1:25:] A inferência que ele [Helvídio] tirou disso foi que Maria permaneceu virgem somente até o seu primeiro nascimento, e que depois disso teve outros filhos com seu marido... Nenhuma implicação justa e bem fundamentada pode ser tirada dessas palavras... quanto ao que ocorreu após o nascimento de Cristo. Ele é chamado de "primogênito"; todavia, isso feito com o único propósito de nos informar que ele nasceu de uma virgem... O historiador não nos informa o que ocorreu depois... Ninguém manterá obstinadamente o argumento, exceto por uma extrema inclinação à disputa. (Pringle, ibid., vol. I, 107)


Sob a palavra "irmãos", os hebreus incluem todos os primos e outros parentes, qualquer que seja o grau de afinidade. (Pringle, ibid., vol. I, 283 / Comentário sobre João [7:3])


Huldreich Zwingli


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Hans Asper - 1499–1571 [Domínio Público] 


Ele se volta, em setembro de 1522, para uma defesa lírica da virgindade perpétua da mãe de Cristo... Negar que Maria permaneceu 'inviolata' antes, durante e depois do nascimento de seu Filho, era duvidar da onipotência de Deus... e era correto e proveitoso repetir a saudação angelical — não a oração — 'Ave Maria'... Deus estimava Maria acima de todas as criaturas, incluindo os santos e anjos — era sua pureza, inocência e fé invencível que a humanidade deveria seguir. A oração, no entanto, deve ser... somente a Deus... 'Fidei expositio', o último panfleto de sua pena... Há uma insistência especial na virgindade perpétua de Maria. (GR Potter, Zwingli, Londres: Cambridge Univ. Press, 1976, 88-89, 395 / A Virgindade Perpétua de Maria ..., 17 de setembro de 1522)


Zwinglio publicou em 1524 um sermão sobre 'Maria, sempre virgem, mãe de Deus'. (Thurian, ibid ., 76)


Nunca pensei, e muito menos ensinei, ou declarei publicamente, nada a respeito do assunto da sempre Virgem Maria, Mãe da nossa salvação, que pudesse ser considerado desonroso, ímpio, indigno ou mau... Creio de todo o coração, segundo a palavra do santo evangelho, que esta virgem pura gerou para nós o Filho de Deus e que ela permaneceu, no nascimento e depois dele, uma virgem pura e imaculada, por toda a eternidade. (Thurian, ibid., 76 / mesmo sermão)


Henrique Bullinger


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Hans Asper [Domínio Público]


Bullinger (falecido em 1575)... defende a virgindade perpétua de Maria... e ataca os falsos cristãos que a defraudam de seu merecido louvor: 


"Em Maria tudo é extraordinário e tanto mais glorioso quanto brotou da fé pura e do amor ardente a Deus." Ela é "o membro mais singular e nobre" da comunidade cristã...

'A Virgem Maria... completamente santificada pela graça e pelo sangue de seu único Filho e abundantemente dotada pelo dom do Espírito Santo e preferida a todos... agora vive feliz com Cristo no céu e é chamada e permanece sempre Virgem e Mãe de Deus.' (em Hilda Graef,  Mary: A History of Doctrine and Devotion, edição combinada dos volumes 1 e 2, Londres: Sheed & Ward, 1965, vol. 2, 14-15)


John Wesley (Fundador do Metodismo)


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William Hamilton [Domínio Público]


Eu creio... que ele [Jesus Cristo] nasceu da Santíssima Virgem, que, mesmo depois de tê-lo dado à luz, continuou virgem, pura e imaculada. (“Carta a um Católico Romano”, citado em AC Coulter, John Wesley, Nova York: Oxford University Press, 1964, 495)



Tradução: Kertelen Ribeiro

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