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A Defesa Bíblica de um Magistério Infalível

  • Suan Sonna
  • 6 de mai.
  • 21 min de leitura

Atualizado: 8 de mai.

Pretendo escrever uma atualização e revisão significativas desse artigo. Desde que esse artigo foi escrito, aprendi muito sobre o Segundo Templo e a literatura rabínica. Embora eu aceite a mesma conclusão do artigo e ache que muitos dos argumentos ainda são válidos, eu faria as coisas de forma diferente agora. Só para citar algumas: Eu enfatizaria o poder monárquico do Sumo Sacerdote no período do Segundo Templo, em vez de me fixar tanto no Sinédrio; não usaria Alfred Edersheim ou, pelo menos, não o usaria como autoridade; e me basearia mais em fontes do Segundo Templo do que em fontes rabínicas. Tenho as fontes históricas de que preciso para atualizar esse trabalho, mas ainda não encontrei tempo, em meio ao meu atual programa de pós-graduação, para reescrever esse ensaio. Ainda assim, mudei e amadureci muito como pensador sobre essas questões desde que este artigo foi publicado pela primeira vez em 2021. Espero oferecer uma atualização mais sofisticada quando tiver a chance. Prossiga com cautela e envie-me um e-mail para icatholicism@gmail.com com quaisquer perguntas ou comentários. 


Suan Sonna, Harvard Divinity School, 20/08/2024

Tradução: Jefferson Santos



I. Introdução


Cristo estabeleceu um magistério infalível? Argumentarei que sim, com base nas Escrituras, na história e em alguma filosofia. Eis a tese que defenderei: Cristo estabeleceu uma instituição de ensino apostólica sucessional e infalível. Meus argumentos se basearão principalmente em Mateus 16,19 e 18,18 onde Jesus diz primeiro a Pedro e depois aos apóstolos: "Tudo o que ligares na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra terá sido desligado nos céus."


Começo fazendo dois pontos. Primeiro, o poder de ligar e desligar é o poder rabínico de interpretar as Escrituras e disciplinar a comunidade. Leander E. Keck, em The New Interpreter’s Bible Commentary, escreve: "A linguagem de ligar e desligar é uma terminologia rabínica para o ensino autoritativo, para ter a autoridade de interpretar a Torá e aplicá-la a casos particulares, declarando o que é permitido e o que não é."¹ Dale Allison e W.D. Davies concluem em seu International Critical Commentary on Matthew: "Essa interpretação de ligar e desligar em termos de autoridade docente nos parece correta..."² Eles observam na página 639 que esse é o uso predominante desses termos na literatura rabínica relevante.


Segundo, o poder de ligar e desligar abrange a doutrina sobre fé e moral. O rabino Samuel Tobias Lachs observa em seu livro A Rabbinic Commentary on the New Testament: "[Ligar e desligar] significam proibir e/ou permitir algum ato determinado pela aplicação da halakhá."³


 Halakhá (ou halakhah) refere-se à interpretação legal da Torá para aplicação em casos da vida real, em contraste com a Haggadá, que é não legal e mais teologicamente orientada. The New Encyclopedia of Judaism explica que a halakhá "abrange praticamente todos os aspectos do comportamento humano: nascimento e casamento, alegria e luto, agricultura e comércio, ética e teologia." The Anchor Bible Dictionary revela que "Ao conferir o poder de ligar e desligar à liderança da Igreja, Jesus a autoriza a interpretar as Escrituras e estabelecer normas para o comportamento cristão, a halakhá cristã... Por outro lado, ligar e desligar são frequentemente interpretados como o poder de banir membros da comunidade e readmiti-los."


Mounce’s Complete Expository Dictionary of Old & New Testament Words também admite: "‘Ligar e desligar’ era um termo técnico no judaísmo rabínico para a autoridade dada aos rabinos para ensinar e exercer disciplina. A autoridade de ligar e desligar de Pedro, e subsequentemente da Igreja, envolve a capacidade de admitir ou recusar a admissão de indivíduos na comunidade visível da aliança com base em sua ortodoxia doutrinária. Tal admissão ou recusa reflete uma autoridade espiritual superior. A expulsão da Igreja indica o julgamento do povo de Deus de que um professante crente, na verdade, não é um crente." Por fim, cito Michael J. Wilkins em The NIV Application Commentary on Matthew: "Na literatura rabínica, ‘ligar e desligar’ descreve a autoridade dos rabinos no ensino e na disciplina para declarar o que é proibido ou permitido e, assim, impor ou remover uma obrigação por meio de uma decisão doutrinária."


Com esse contexto necessário, defenderei agora as três partes centrais da minha tese com 10 argumentos. Relembrando que as três partes da minha tese são: infalibilidade, sucessão e "institucionalidade".


II. Infalibilidade


Primeiro, como sabemos que essa autoridade é infalível? Apresentarei cinco argumentos.


A Interpretação da Garantia: O futuro passivo ("tudo o que ligares na terra terá sido ligado nos céus") de Mateus 16,19 e 18,18 implica que Deus está assegurando a Pedro e aos apóstolos que (1) tudo o que eles declararem como halakhá já terá sido declarado como halakhá por Deus, significando que (2) eles agem como agentes de Deus e não por conta própria. A infalibilidade portanto deve ser entendida como a promessa providencial de Deus de que as autoridades que Ele instituiu não errarão em seus ensinamentos definitivos. Deixemos claro: o que torna esta instituição infalível é a promessa de Deus e, como argumentarei mais adiante, existem marcadores objetivos desta instituição e de quem detém essa autoridade. John Haldane articula bem meu ponto: A é uma autoridade infalível em um determinado contexto se e somente se, quando A declara que p,

 

  1. p  é verdadeiro

  2. Se p não fosse verdadeiro A não o teria declarado.


O Comentário de R.T. France no NICNT Gospel of Matthew Commentary apoia esta tese, pois essas passagens de Mateus implicam "orientação divina para capacitar Pedro a decidir de acordo com o propósito já determinado por Deus."Charles Talbert em seu comentário de 2010 sobre Mateus, afirma: "A tradução 'terá sido ligado/desligado nos céus' representa em grego um futuro perfeito passivo perifrástico. Tradicionalmente isso tem sido interpretado como significando não que o céu ratifica o julgamento de Pedro mas que o julgamento de Pedro reflete o que Deus já determinou (Gundry 1982, 335; Chamberlain 1957, 80)."¹⁰


O Apoio do Céu/Deus: A ideia de que o céu respalda as decisões dos apóstolos implica fortemente que sua autoridade rabínica é infalível. Por exemplo, Jesus menciona o apoio do céu para o ligar e desligar dos discípulos porque as decisões do Tribunal Superior Judaico (ou Sinédrio) também eram consideradas apoiadas pelo céu. Craig S. Keener, em seu IVP New Testament Background commentary (Comentário do Contexto do Novo Testamento da IVP) observa: "Muitos judeus acreditavam que o tribunal superior judaico agia com a autoridade do tribunal de Deus no céu, ratificando, em certo sentido, seus decretos."¹¹ Em seu Socio-rhetorical commentary on Matthew (Comentário Sociorretórico de Mateus), Keener cita vários textos judaicos onde encontramos "a ideia rabínica de que Deus ratifica os decretos do Beth Din terrestre [ou Tribunal Rabínico] – Pesiq. Rabbah Kah. 15:3; 23:4; p. Rosh Hash. 1:3… m. Rosh Hash. 3:1; t. Rosh Hash 1:18; p. Rosh Hash 3:1…"¹² Eis um exemplo claro do céu apoiando as decisões dos tribunais terrestres no Talmud Babilônico, Makkot 23b: "Três decisões foram tomadas pelo tribunal terrestre, e o tribunal celestial concordou com o que eles fizeram."¹³



Ulrich Luz no Hermeneia Matthew Commentary explica de forma esclarecedora: "Então 'ligar' e 'desligar' correspondem a 'colocar em cadeias' ou 'absolver'. E  mais, é uma convicção rabínica que Deus ou o tribunal celestial reconhece as decisões halákhicas e os julgamentos dos tribunais rabínicos. Assim não apenas os conceitos de 'ligar/desligar', mas toda a declaração está enraizada no pensamento judaico."¹⁴ O New Interpreter’s Bible Commentary sobre Mateus 18,18 conclui que Jesus invoca o céu porque "o Jesus de Mateus (mateano)  assegura à igreja a ratificação divina de suas decisões."¹⁵


Terceiro, esta interpretação explica melhor por que Jesus não rejeitou totalmente a autoridade rabínica: É ingênuo afirmar que Jesus rejeitou completamente a autoridade rabínica, quando Sua crítica é, na verdade, mais matizada. Isso é importante, porque estou argumentando que Jesus concedeu aos Seus apóstolos a autoridade dos rabinos e não a aboliu. Isso é esperado se a Igreja é uma realidade institucional. Considere primeiro o que Jesus e as Escrituras dizem:


  • Mateus 5,22: "Eu, porém, vos digo que todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento, e quem disser a seu irmão: ‘Raca’, estará sujeito ao Sinédrio..." Jesus parece estar reconhecendo a autoridade do Sinédrio.

  • Felizmente, Jesus é ainda mais explícito em Mateus 23,2-3: "Os escribas e os fariseus se assentam na cadeira de Moisés. Observai, pois, e fazei tudo o que vos disserem; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não praticam."


Por isso e entre outras razões é insustentável concluir que Jesus e os escritores dos Evangelhos rejeitaram totalmente a autoridade rabínica. Jesus não Se contradiz.


Eis minha hipótese sobre o ensino de Jesus acerca da autoridade rabínica: Jesus endossou a obediência absoluta às decisões oficiais do Sinédrio (em casos que exigiam a interpretação e aplicação da Torá), mas não a obediência absoluta aos mandamentos rabínicos (especialmente as khumra/gezeirah). Estes eram um conjunto de leis criadas para evitar até mesmo a possibilidade de desobedecer à Torá. Embora bem-intencionadas, essas leis acabaram sendo abusadas pelos fariseus para oprimir o povo e, além disso, eles nem mesmo seguiam suas próprias restrições (cf. Mateus 23,4; Lucas 14,5). A legislação rabínica, embora pudesse ser útil, ia além do que Moisés havia estabelecido como jurisdição oficial dos tribunais e portanto não estava protegida contra o erro. Seria o equivalente aos nove juízes da suprema corte deixarem seu tribunal entrarem no congresso e declararem leis como se sua autoridade judicial também lhes concedesse poderes legislativos.


O rabino Herbert Basser e Marsha Cohen, em The Gospel of Matthew & Judaic Traditions, escrevem: "Mas na verdade Jesus parece objetar aos traços de caráter deles, não às suas interpretações. De fato, não há dificuldade em ler o texto do capítulo 23 como está... Jesus entende que o Tribunal Superior [ou a Cadeira de Moisés] é uma instituição originalmente estabelecida por Moisés... Jesus censura esses líderes fariseus por seu desvio das autênticas decisões do Tribunal Superior, exemplificado pelo caso dos juramentos e votos, citando ensinamentos que aparentemente eram muito comuns em sua época... Jesus, em essência, diz isso a Seus oponentes sobre as fórmulas farisaicas para juramentos e votos: se é um ensinamento verdadeiro, nós o aceitamos, mas como a confusão reina e as coisas estão confusas, contestaremos o que vocês afirmam ser os ensinamentos autênticos."¹⁶


Da mesma forma, D.A. Carson observa no Expositor’s Bible Commentary: "O texto também não diz que a autoridade [dos fariseus] está em seus cargos, mas não em sua doutrina: pelo contrário, o versículo 3 afirma sua doutrina mas condena sua prática."¹⁷


Meu quarto argumento é o Caráter de Deus: Parece imoral que Deus ordene obediência a uma autoridade se ela não estiver correta em suas decisões oficiais. Jesus faz referência em Mateus 23,2-3 ao próprio versículo que os rabinos usavam para fundamentar sua autoridade (Dt 17,11 – "Agirás conforme a lei que te ensinarem"), o que lhes dava o poder de exigir obediência absoluta – até sob pena de morte, conforme Dt 17,12. Noel S. Rabbinowitz observa em seu artigo sobre Mateus 23,2-4: "Muitos estudiosos... insistem que Jesus não está emitindo um comando sincero. No entanto, a escolha de palavras por Jesus torna essa conclusão improvável. Seu comando para fazer o que os fariseus ensinam invoca Dt 17,11, o próprio texto no qual se baseia a autoridade do Sinédrio, dos Sábios e, posteriormente, dos rabinos."¹⁸


Eis o que Deuteronômio 17,11-12 diz: "Agirás segundo as instruções que te tiverem dado, e conforme a sentença que te tiverem ditado, sem te apartares do seu parecer nem para a direita nem para a esquerda. Aquele que, por orgulho, recusar ouvir o sacerdote que estiver nesse tempo a serviço do Senhor, teu Deus, ou o juiz, esse homem será punido de morte. Assim tirarás o mal do meio de Israel." [N.T: trad. Matos Soares]


Rabbinowitz continua: "No entanto, em nosso zelo por harmonizar o Evangelho, devemos evitar o impulso de rejeitar totalmente a autoridade docente dos fariseus. Porque rejeitaram Jesus, os líderes da nação acabariam sendo destituídos de sua posição de autoridade (Mt 21,43). Ao mesmo tempo, porém, as tradições halákhicas estabelecidas pelos fariseus permaneceram válidas e forneceram à comunidade de Mateus maneiras práticas de obedecer à Torá. Apesar das tensões entre Jesus e os fariseus, Ele basicamente aceita suas decisões halákhicas."¹⁹


Algumas autoridades rabínicas argumentam que Deuteronômio 17,11-12 se aplica apenas às decisões judiciais, não à legislação rabínica. O rabino Aryeh Kaplan, no vol. 1 de The Handbook of Jewish Thought, afirma: "Outras autoridades, porém, afirmam que este mandamento [Dt 17,11] só se aplica às decisões do Sinédrio, mas não à sua legislação."²⁰ A melhor interpretação – e, de fato, a que menos atenua as palavras de Jesus – é que o comando de Jesus para obedecer absolutamente se aplica apenas às decisões oficiais.


Então pode Deus nos ordenar a obedecer a uma autoridade que pode vincular nossa consciência a decisões errôneas? Muito menos, poderia Ele aprovar que fôssemos mortos por desobedecer a uma decisão incorreta, seja no Antigo Testamento ou na Nova Aliança? Não e não.


Meu quinto e último argumento é o Sopro de Deus: Os protestantes frequentemente usam 2 Timóteo 3,16 como prova de que as Escrituras são infalíveis porque são "inspiradas por Deus". Se esse é o caso, então Jesus sopra sobre os apóstolos em João 20,22. Se a inferência de inerrância vale no primeiro caso, por que não no segundo? Se vale, então Deus pode tornar os homens infalíveis.


III. Sucessão (Apostólica)


Esta autoridade infalível é sucessional: uma Igreja válida deve ter um bispo que possa traçar sua ordenação de volta aos apóstolos. Aqui apresentarei três argumentos.


A sucessão apostólica tem suas origens no judaísmo do primeiro século: Alfred Edersheim em The Life and Times of Jesus the Messiah escreve: "Os juízes de todos esses tribunais [o Grande Sinédrio e os tribunais inferiores] eram igualmente separados pela ordenação (Semikhah), originalmente pela imposição de mãos. A ordenação era conferida por três, dos quais pelo menos um já deveria ter sido ordenado e capaz de traçar sua ordenação através de Josué até Moisés (Sanh. 2a; Maim. Sanh. 4.1-3). Isso, é claro, baseia-se na teoria de que houve uma sucessão regular de mestres ordenados, não apenas até Esdras, mas além dele, até Josué e Moisés."²¹ Além disso, sabemos que a imposição de mãos para ordenação era praticada no Novo Testamento (Atos 6,3-6; 13,2-3; 1 Tim 4,14)²². Michael Berger, em seu livro Rabbinic Authority, observa: "Aqueles sem essa ordenação [que remonta a Moisés], mesmo que objetivamente muito eruditos, simplesmente não são autorizados da mesma forma que o sábio ordenado."²³


A sucessão apostólica foi ensinada desde o início do cristianismo: Clemente de Roma, que conheceu pessoalmente Pedro e Paulo, recorda em 1 Clemente 44,1-3 (68-69 d.C.): "Assim também os nossos apóstolos conheciam por meio de nosso Senhor Jesus Cristo que surgiria contenda sobre o cargo de bispo. Por essa razão, tendo previsto perfeitamente o que aconteceria, eles designaram os que já mencionamos; e depois acrescentaram uma disposição, no sentido de que, se estes morressem, outros homens aprovados deveriam sucedê-los em seu ministério."²⁴


Clemente nos ensina que Cristo e os apóstolos fundaram e legislaram proteção para o ofício episcopal. Os primeiros bispos foram ordenados pelos apóstolos, e esses homens deveriam ter sucessores em seu ministério. Se a memória de Clemente é confiável e ele está simplesmente sendo honesto, então esse testemunho é suficientemente antigo para ser um fato histórico — um ensinamento autêntico do Senhor e Seus apóstolos e portanto vinculante.


Irineu, em Contra as Heresias, Livro 4, Capítulo 26 (180 d.C. — ainda dentro da memória viva dos apóstolos), escreve: "Portanto é necessário obedecer aos presbíteros que estão na Igreja; aqueles que — como demonstrei — possuem a sucessão dos apóstolos. [Eles], juntamente com a sucessão do episcopado [i.e., os bispos], receberam o dom certo da verdade, segundo o beneplácito do Pai. E [é necessário] desconfiar dos outros que se afastam da sucessão primitiva e se reúnem em qualquer lugar. [Considere-os] ou como hereges de mentes perversas, ou como cismáticos cheios de orgulho e auto-satisfação, ou ainda como hipócritas, agindo assim por causa de dinheiro e vaidade. Pois todos esses se desviaram da verdade."²⁵


Podemos portanto concluir que é um fato histórico que Jesus e os apóstolos ensinaram a doutrina da sucessão apostólica.


Terceiro, o Argumento da Cadeira de Moisés: A autoridade haláchica de ensino não morre com a primeira geração de homens ordenados. Na literatura rabínica, Moisés institui o Tribunal Superior em Êxodo 18,26 e Deuteronômio 17,8-13. Vemos Jesus ainda sustentando a autoridade do Tribunal Superior em Mateus 23,2-3, 1.200 a 1.400 anos depois de Moisés. Segundo Jesus, a autoridade não morreu com a primeira geração. D.A. Carson escreve: "Estes líderes 'se assentam na cadeira de Moisés'... 'assentar-se na cadeira de X' frequentemente significa 'suceder a X' (Êx 11,5; 12,29; 1 Reis 1,35.46; 2,12; 16,11; 2 Reis 15,12; Sl 132,12; cf. Josefo, Ant. VII, 353[xiv.5]; XVIII, 2[i.1]). Isso implicaria que os 'mestres da lei' são os sucessores legais de Moisés, possuindo toda sua autoridade – uma visão que os próprios escribas sustentavam (M Sanhedrin 11,3; cf. Eclesiástico 45,15-17; M Avot 1,1; M Yevamot 2,4; 9,3)."²⁶


Dessa forma o Tribunal Superior manteve sua autoridade definitiva desde Moisés até o tempo de Jesus e era respaldado pelo céu. Steven precisa nos fornecer razões não ad hoc para explicar por que esse tipo de sucessão perene não se aplicaria à autoridade de ensino que Jesus, o Novo Moisés, estabeleceu.


IV. Institucionalidade


Finalmente, esta autoridade apostólica de ensino infalível e sucessional é institucional. Apresentarei dois argumentos.


A profecia messiânica afirma que Deus restaurará – não extinguirá – os tribunais de Moisés quando o Messias vier. O rabino Aryeh Kaplan escreve: "Ele restabelecerá o Sinédrio, o supremo tribunal religioso e legislativo do povo judeu. Esta é uma condição necessária para a reconstrução do Terceiro Templo, como está escrito: 'Restaurarei os teus juízes como eram antigamente, e os teus conselheiros como no princípio; depois serás chamada cidade de justiça, cidade fiel. Sião será remida com juízo, e os que voltam a ela, com justiça' (Isaías 1,26-27). Tal Sinédrio também seria capaz de reconhecer formalmente o Messias como rei de Israel."²⁷ Kaplan também observa: "Além disso, de acordo com as últimas palavras proferidas por um profeta, Elias retornará como profeta e anunciará a vinda do Messias..."²⁸


Em Mt 17,11-13, Jesus identifica João Batista como o Elias predito. Em João 1,23, João Batista se apresenta diante do Sinédrio e proclama a vinda do Messias. Jesus, assim como Moisés com o primeiro Sinédrio em Nm 11,16, designa 70 discípulos em Lucas 10,16 que reconhecem Sua messianidade, o que significa que Jesus foi reconhecido por um Sinédrio devidamente ordenado e é o legítimo rei de Israel. Portanto, Jesus cumpriu todos esses requisitos com precisão, e afirmo que Ele também cumpriu a profecia de Isaías 1,26-27 e reconstruiu os tribunais de Moisés para a Nova Aliança.


E mais, existem paralelos crescentes que demonstram que a Igreja Primitiva conscientemente se modelou após o Tribunal Superior Judaico, e portanto uma concepção institucional da Igreja e seu magistério é a mais apropriada.


  1. Identificação Precoce e Explícita com o Sinédrio: Inácio de Antioquia, discípulo do apóstolo João, escrevendo aos Tralianos por volta de 98-117 d.C.: "Da mesma forma, que todos reverenciem os diáconos como uma instituição de Jesus Cristo, e o bispo como Jesus Cristo, que é o Filho do Pai, e os presbíteros como o sinédrio de Deus e assembleia dos apóstolos. Sem estes, não há Igreja."²⁹ Observe: Inácio chama os presbíteros de Sinédrio de Deus.

  2. O ofício de presbítero também era um ofício no Sinédrio: O Dicionário Eerdmans do Judaísmo Primitivo, editado por John J. Collins e Daniel C. Harlow: "A palavra presbyterion refere-se a um conselho de anciãos, seja o Sinédrio de Jerusalém (Lucas 22,66; Atos 22,5), ou um conselho de líderes cristãos (1 Tm 4,14; Inácio, Ef 2,2; 4:1; Magnésios 2,1; 13:1; Tralianos 2,2; 7,2; Filadélfia 4,1)..."³⁰

  3. Tanto os sucessores dos apóstolos quanto os fariseus, a partir de seu poder de ligar e desligar, emitiram anátemas: A Enciclopédia Judaica de 1906 sobre ligar e desligar: "Isso não significa que, como homens eruditos, [os fariseus] meramente decidiam o que, de acordo com a Lei, era proibido ou permitido, mas que possuíam e exerciam o poder de amarrar ou desamarrar uma coisa pelo feitiço de sua autoridade divina, assim como podiam, pelo poder investido neles, pronunciar e revogar um anátema sobre uma pessoa."³¹ O poder de ligar e desligar inclui o poder de emitir anátemas.

  4. Os rabinos, os apóstolos e seus sucessores usaram seu poder de ligar e desligar para excomungar hereges: Keener, Davies e Allison citam b. mo'ed qan 16a como exemplo rabínico.³² O Novo Testamento menciona excomunhão em pelo menos dois contextos: Mateus 18,17 ("...e se ele se recusar a ouvir até mesmo a igreja, seja ele para ti como um gentio e publicano") e Tito 3,10 ("rejeita o homem faccioso [hairetikon]").³³

  5. Tanto os fariseus quanto os discípulos reivindicam autoridade de ensino de Moisés, o Novo Moisés para os apóstolos.

  6. Tanto os rabinos quanto os sucessores apostólicos afirmavam governar com a autoridade de seu fundador:

    I. Sétimo Concílio de Cartago (256 d.C.): "As palavras de nosso Senhor Jesus Cristo são claras que Ele enviou Seus apóstolos e deu a eles somente o poder que Lhe havia sido dado por Seu Pai. E nós os sucedemos, governando a igreja do Senhor com o mesmo poder."³⁴

    II. Talmud Babilônico Rosh-Hashaná 25a: "Se questionarmos [as decisões de] Rabban Gamaliel, devemos questionar as decisões de todo Beth Din que existiu desde os dias de Moisés até o presente. Pois está escrito: Então subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú e setenta dos anciãos de Israel (Êx 24,9). Por que os nomes dos anciãos não foram mencionados? Para mostrar que todo grupo de três que atuou como Beth Din sobre Israel está no mesmo nível do Beth Din de Moisés."³⁵

    III. Observe que ambos os textos afirmam governar com a autoridade de seu(s) fundador(es), como era a interpretação rabínica comum de Deuteronômio 17,9.

  7. Ambos reivindicam o poder de ligar e desligar.

  8. Ambos usaram a imposição de mãos para ordenação.

  9. Tanto os fariseus quanto os sucessores apostólicos mantiveram registros de sucessão até Moisés (ou o Novo Moisés).

  10. Tanto os apóstolos quanto o Tribunal Superior afirmavam ter o Apoio do Céu.


V. Conclusão


Vamos agora revisar os argumentos que apresentei: dei cinco argumentos para a halakhá infalível do Tribunal de Cristo. A Bíblia nos oferece um modelo plausível para a infalibilidade magisterial. Também ofereci três argumentos para a natureza sucessional desta autoridade com base no judaísmo do primeiro século e em nossos primeiros registros cristãos. Finalmente, apresentei dois argumentos para a natureza institucional desta autoridade: a profecia de Isaías 1:26-27 de que o Messias reconstruiria os tribunais de Moisés, e pelo menos 10 paralelos impressionantes entre o Tribunal de Moisés e o Tribunal do Novo Moisés.


NOTAS


1 -Keck, Leander E. The New Interpreter's Bible. General Articles on the New Testament, the Gospel of Matthew, the Gospel of Mark. 8. Vol. 8. 12 vols. Nashville, TN: Abingdon, 1995, pg. 346.


2 - Davies, W. D., and Dale C. Allison. A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to Saint Matthew. 2. Vol. 2. 3 vols. London: T & T Clark International, 2004, pg. 638.


3 - Lachs, Samuel Tobias. A Rabbinic Commentary on the New Testament: the Gospels of Matthew, Mark, and Luke. Hoboken, NJ: KTAV Publishing House, 1987, pg. 257.


4 - Wigoder, Geoffrey, Fred Skolnik, and Shmuel Himelstein, eds. The New Encyclopedia of Judaism. Washington Square, NY: New York University Press, 2002, pg. 323.


5 - Freedman, David Noel, Gary A. Herion, David F. Graf, John David Pleins, and Astrid Billes Beck, eds. The Anchor Bible Dictionary. 1. 1st ed. Vol. 1. 6 vols. New Haven, CT: Yale University Press, 2008, pg. 743-744.


6 - Mounce, William D. Mounce's Complete Expository Dictionary of Old & New Testament Words. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2006, pg. 65.


7 - Wilkins, Michael J. Matthew: NIV Application Commentary: From Biblical Text ... to Contemporary Life. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2004, pg. 567.


8 - Haldane, John. “Infallibility, Authority and Faith.” The Heythrop Journal 38, no. 3 (1997): 267–82. https://doi.org/10.1111/1468-2265.00050, pg. 280.


9 - France, Richard T. The Gospel for Matthew. Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Publishing Company, 2007, pg. 627.


10 - Talbert, Charles H. Matthew (Paideia: Commentaries on the New Testament). Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2010, pg. 196. Emphasis in original.


11 - Keener, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2014, pg. 87.


12 - Keener, Craig S. The Gospel of Matthew: a Socio-Rhetorical Commentary. Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans Pub., 2009, pg. 455. n. 24.


13 - Neusner, Jacob, and Tamara Sonn. Comparing Religions through Law: Judaism and Islam. London: Routledge, 2002, pg. 144; Neusner, Jacob. The Talmud: Law, Theology, Narrative; a Sourcebook. Lanham, MD: University Press of America, 2005, pg. 173; Neusner, Jacob. Theological Dictionary of Rabbinic Judaism. Lanham, MD: Univ. Press of America, 2005, pg. 141.


14 - Luz, Ulrich. Matthew 8-20: a Commentary. Edited by Helmut Koester. Translated by James E. Crouch. vol. 2. 3 vols. Minneapolis, MN: Fortress Press, 2001, pg. 365.


15 - Keck, 379.


16 - Basser, Herbert W., and Marsha B. Cohen. The Gospel of Matthew and Judaic Traditions: a Relevance-Based Commentary. Leiden, Netherlands: Brill, 2015, pg. 585-586.


17 - Carson, D. A., Walter W. Wessel, and Mark L. Strauss. Matthew & Mark. Edited by Tremper Longman III and David E. Garland. vol. 9. 13 vols. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2010, pg. 531.


18 - Rabbinowitz, Noel S. “Matthew 23:2–4: Does Jesus Recognize the Authority of the Pharisees and Does He Endorse Their Halakhah?” Journal of the Evangelical Theological Society, September 2003, pg. 432 in 423–47.


19 - Ibid., pg. 444.


20 - Kaplan, Aryeh. The Handbook of Jewish Thought. 1st ed. vol. 1. 2 vols. Israel: Moznaim Pub Corp, 1990, 220. cf. n. 58.


21 - Edersheim, Alfred. The Life and Times of Jesus the Messiah. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1993, p. 856. Cf. Jacobs, Louis. A Concise Companion to the Jewish Religion. Oxford: Oxford University Press, 1999, p. 172. Recentemente, adicionei a última frase da fonte original de Edersheim. Como Edersheim era um judeu convertido ao cristianismo, achei que ele incluíra essa última frase para seu público cristão, que poderia ser cético em relação às alegações de sucessão rabínica. No entanto, alguém apontou que minha omissão dessa frase poderia ser potencialmente enganosa, pois pode ser interpretada como uma suavização da certeza da afirmação (ou da própria crença de Edersheim) de que os rabinos de fato têm origens mosaicas. Outro amigo observou que, para meu argumento, o que importa não é se os rabinos realmente possuem uma sucessão que remonta a Moisés, mas o fato de que eles faziam essa alegação já no tempo de Jesus. Esse era, afinal, o foco original do artigo. De modo geral, peço desculpas pela omissão em 2021 e vejo isso como mais um motivo para atualizar esse trabalho, dado o quanto mudei e amadureci desde então. Agradeço àquela pessoa e ao meu amigo por me ajudarem a melhorar nesse ponto.


22 - Metzger, Bruce M., and Michael D. Coogan, eds. The Oxford Companion to the Bible. New York, NY: Oxford University Press, 1993, 408.


23 - Berger, Michael S. Rabbinic Authority. New York, NY: Oxford University Press, 1998, 28.


24 - Ehrman, Bart D., trans. The Apostolic Fathers. vol. 1. 2 vols. Cambridge, MA: Harvard University Press, 2003, 113. 1 Clement 44:1-3.


25 - “Citações sobre Sucessão Apostólica na História Cristã.” Christian History for Everyman. Acesso em 12 de junho de 2021. https://www.christian-history.org/apostolic-succession-quotes.html. Cf. Roberts, Alexander, James Donaldson e Arthur Cleveland Coxe, eds. The Ante-Nicene Fathers. Reimpressão de 2001, vol. 1. 10 vols., 1ª Série. Nova York, NY: Cosimo Classics, 2007, p. 497.


26 - Carson, 531.


27 - Kaplan, Aryeh. The Handbook of Jewish Thought. 1st ed. vol. 2. 2 vols. Israel: Moznaim Pub Corp, 1992, 374.


28 - Ibid., 366.


29 - Roberts, Alexander, James Donaldson, and Arthur Cleveland Coxe, eds. The Ante-Nicene Fathers. 2001 Reprint ed. vol. 1. 10 vols. 1st Series. New York, NY: Cosimo Classics, 2007, 67. Ign. Trall. Ch. 3. “Sanhedrim” in the original.


30 - Collins, John J., and Daniel C. Harlow, eds. The Eerdmans Dictionary of Early Judaism. Grand Rapids, MI: William B. Eerdmans, 2010, 1193.


31 - Singer, Isidore, et al. eds. The Jewish Encyclopedia. vol. 2. 12 vols. Funk and Wagnalls Company, 1906, 215.


32 - Keener 2009, 430. n. 90. cf. Davies and Allison, 636.


33 - Tito 3,10 rejeita o homem faccioso depois de uma primeira e segunda admoestação. Acesso em 12 de junho de 2021. https://biblehub.com/titus/3-10.htm. Cf. Strong’s Greek 141. Tito parece ter em mente um herege específico que se separou das igrejas apostólicas e iniciou sua própria assembleia; ver o Elicott’s Commentary for English Readers na mesma página.


34 - Bercot, David W., ed. A Dictionary of Early Christian Beliefs: a Reference Guide to More than 700 Topics Discussed by the Early Church Fathers. Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1999, 32.


35 - Epstein, Isidore, ed. Rosh Hashanah: Hebrew-English Edition of the Babylonian Talmud. Translated by Maurice Simon. 30 vols. London: The Soncino Press, 1983.


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