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Pastor Miguel: o Retrato Grotesco da Falência do Protestantismo

  • Foto do escritor: Islas Porfiro
    Islas Porfiro
  • 14 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 27 de mai.


Quem não ouviu falar da sensação das redes sociais nos últimos dias? Sim o Pastor Mirim, chamado Pastor Miguel. Acho que o momento é oportuno para tratarmos da falência moral, doutrinal e espiritual do protestantismo no país. E isso não é surpreendente, pois o protestantismo é fadado ao fracasso desde a sua idealização. A vergonha pública que foi o Colóquio de Marburgo é um excelente exemplo de como problemas óbvios no sentido de desunião e “Babel Doutrinária” estão nas entranhas do protestantismo desde sempre.


Para quem não conhece, o Colóquio de Marburgo foi um debate realizado em 1529 entre líderes da Reforma Protestante, representados popularmente por Martinho Lutero e Ulrico Zuínglio, com o objetivo de unificar suas doutrinas. O efeito do debate foi completamente contrário ao seu objetivo pois terminou sem consenso e num conflito entre os protestantes sobre o verdadeiro significado da Presença Real de Cristo no pão e no vinho. Observe que esta situação constrangedora ocorreu pouquíssimo tempo após o nascimento da Reforma.


É verdade que o menino Miguel com seus gritos e frases de efeito, não tem nada da essência litúrgica de Lutero, da doutrina pseudocristã de Calvino ou de qualquer outra característica dos primeiros reformadores. O argumento tem muito mais a ver com consequência e os impactos da existência das ideias protestantes com o passar dos anos do que com semelhanças doutrinárias. O problema não é só o que o protestantismo fez surgir, mas o que ele sempre foi em sua raiz: uma ruptura. Uma ruptura que surgiu primeiramente contra a Igreja Romana e depois uma sequência de rupturas em si mesmo quase que em ciclo infinito. Afinal, ao romper com a Tradição, Autoridade, Sacramentos e a legítima Sucessão Apostólica que a Igreja detém, a consequência lógica do ato não poderia ter sido diferente. 


Dizer que a Bíblia por si mesma é a única autoridade, final e infalível, é quase que uma piada. Piada pois a Bíblia, enquanto objeto, não fala e não expressa. É necessário um intérprete para que a mensagem seja repassada e o Protestantismo apenas trocou os responsáveis por esta função. Agora, ao invés de uma Igreja Bimilenar temos o homem como intérprete. Que homem? Qualquer um. Todo protestante ferrenho irá negar este fato até o fim, só que nenhum deles terá competência para provar de uma forma prática que a realidade é outra.


Uma vez que cada fiel tem potencial para ser sua própria “igreja”, o colapso era apenas questão de tempo. Eles dizem: “Quem tem a Escritura, tem tudo!” mas rejeitam a Igreja que a organizou e preservou. Dos ideais de Lutero - sim, eu ainda acredito que ele teve boa vontade - até a primeira grave ruptura contra Ulrico Zuinglio foi um pulo. Do livre exame à livre interpretação, foi outro pulo. Do púlpito centrado teoricamente em Cristo e nas Escrituras para vídeos na internet com o puro suco do neopentecostalismo, um pulo ainda mais curto. Então, chegamos na atualidade onde o protestantismo criou direta e indiretamente milhares de cristãos de aparências e apologistas falidos. 


Este é o contexto em que está inserido o Pastor Miguel: ele não é um praticante do protestantismo, ele é o herdeiro. Miguel não é o culpado, ele é a vítima.


Numa vida cristã ideal, o papel da criança e do jovem é totalmente contrário ao que vemos no Miguel. Mas não estamos falando de cristianismo e sim de protestantismo espetaculoso, certo?

Ele é um caso explícito da completa degeneração de um movimento que trocou doutrina por individualismo e audiência. O problema também está no povo que o aplaude e induz ao jovem a ideia de que ele está no caminho correto. Ele não está evangelizando, está interpretando um papel que não tem origem nas Escrituras.


O sucesso do Miguel só escancara a falência doutrinária do protestantismo no Brasil que fracassou em preservar sua essência cristã, se é que um dia já teve alguma. A viralização do “pastor mirim” é o último suspiro de um protestantismo brasileiro falido, sem doutrina, sem tradição, sem sacramentos, sem unidade. A pergunta que resta é: será mesmo que uma religião com estes tipos de frutos surgindo a todo momento e que nunca conseguiu frear com sucesso sua própria fragmentação é, de fato, a verdadeira exposição do cristianismo apostólico?

 

Islas Silva


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